Titãs e U2, 32 anos depois
Nos últimos dias, dois discos emblemáticos do rock nacional e internacional completaram 32 anos de seus respectivos lançamentos
Nos últimos dias, dois discos emblemáticos do rock nacional e internacional completaram 32 anos de seus respectivos lançamentos.
Em julho de 1993, o Titãs lançava “Titanomaquia”, seu sétimo disco de estúdio e o primeiro sem Arnaldo Antunes.
Também em julho de 1993, o U2 lançava “Zooropa”, seu oitavo disco de estúdio. Foi inspirado pela turnê que promoveu o álbum anterior, “Achtung Baby” (1991), explorando temas como saturação da mídia e tecnologia.
Titanomaquia
"Titanomaquia" marcou um ponto de virada na carreira da banda. Foi o primeiro disco sem a participação de Arnaldo Antunes e inaugurou a parceria com o produtor Jack Endino, conhecido por seu trabalho com o grunge de Seattle, que estava bombando naquele momento.
Músicas como "Será Que é Isso que eu Necessito?" e "Nem Sempre se Pode Ser Deus" se destacam, revelando uma sonoridade mais pesada e sombria.
Esse álbum também representou uma guinada da banda para um som mais cru e direto, com fortes influências do rock alternativo e do grunge que dominavam a cena musical da época.
É perceptível a diferença em relação a trabalhos anteriores dos Titãs. Este disco foi menos pop, um reflexo do período de efervescência do rock nos anos 90, mostrando a capacidade da banda de se adaptar e explorar novas direções musicais, influenciando outras bandas brasileiras a experimentarem sonoridades mais pesadas e experimentais.
Escutei pela primeira vez dois anos depois do lançamento, em 1995. Destaco ainda uma terceira música, "Estados Alterados da Mente", que descreve uma série de reações físicas e emocionais que são desencadeadas por estímulos diversos.
Zooropa
Lançado em meio à aclamada turnê Zoo TV, "Zooropa" se destaca por sua atmosfera experimental e temática.
Inspirado pela própria turnê que promovia "Achtung Baby" (1991), o álbum mergulhou em temas como a saturação da mídia, a tecnologia e o consumismo.
"Numb", "Lemon" e "Stay (Faraway, So Close)" foram os singles extraídos do disco. A sonoridade é marcada por elementos eletrônicos, loops e distorções, expandindo os horizontes sonoros explorados em "Achtung Baby".
Aquele período da década de 90 também ficou marcado pelo avanço da dance music e o U2 aproveitou essa onda, com um trabalho experimental e distante do som mais tradicional de seus primeiros trabalhos.
O álbum é um trabalho perspicaz sobre a era da informação e a crescente influência da tecnologia na sociedade. Detalhe: naquela época, ainda não havia a internet como a conhecemos.
Eu comprei esse álbum em 1995 e por ter essa atmosfera densa e muitas vezes experimental, é preciso ouvir várias vezes para ser totalmente apreciado.
As letras, em sua maioria, são incisivas e provocadoras, e a produção é inovadora para a época.
A minha música preferida aqui é "Lemon", uma faixa longa e hipnótica, com batidas eletrônicas e a voz de Bono explorando diferentes tons, remetendo a uma atmosfera de ficção científica.
O refrão "Meia noite é quando o dia começa" (Midnight is where the day begins) diz tudo.
* João Gabriel Pinheiro Chagas é diretor do Jornal da Cidade. E-mail: joaogabrielpcf@gmail.com
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