Editorial 05/07/25

O nó político que precisa ser desatado em Poços
A insistência do prefeito Paulo Ney na permanência de Sérgio Azevedo na presidência da DME Participações tem provocado desgastes para essa gestão municipal desde quando ocorreu a nomeação, em janeiro deste ano.
Afinal, antes mesmo da nomeação, já havia um parecer do Comitê de Avaliação Estatutário do DME, formada por servidores e de caráter apenas consultivo, que apontava que o ex-prefeito não atendia aos requisitos técnicos previstos em lei.
Mesmo assim, o Conselho de Administração, formado por pessoas indicadas pela própria gestão, apontou que não tinha nada errado e desta forma, a nomeação se concretizou. Não dá para contradizer o chefe, não é mesmo?
O fato é que muitos vereadores se posicionaram de forma contrária à nomeação. Teve até moção de repúdio contra ela, que tem efeitos mais simbólicos do que práticos.
Ainda na ocasião, pouca gente deu bola a uma ação popular ingressada pelo vereador Tiago Braz (Rede) contra essa nomeação.
Afinal, por essas terras sulfurosas, esse tipo de caso sempre acaba em pizza. E não é que desta vez as coisas não caminham para esse sentido?
O parecer contundente do Ministério Público recomendando a exoneração de Sérgio do cargo faz coro com a ampla rejeição da opinião pública sobre a nomeação e com o desconforto da Câmara, inclusive de parte da base situacionista.
Não é segredo para ninguém que Sérgio Azevedo foi figura central na campanha de Paulo Ney em 2024. O slogan, inclusive, era "O prefeito do Sérgio".
O MP destaca que a participação de Sérgio na campanha "ultrapassou, e muito, o mero apoio político", configurando-o como "o (principal) protagonista e fiador da candidatura de seu sucessor".
Essa atuação estratégica e a subsequente nomeação "ostenta todas as características de uma retribuição política, prática que a Lei das Estatais visou a coibir".
Se já não bastasse todo o desgaste pela nomeação, não se pode deixar de lembrar do famigerado jantar luxuoso que iria comemorar os 70 anos do DME.
A rejeição da opinião pública e da Câmara foram fundamentais para que o banquete fosse cancelado. Aconteceria o mesmo neste caso?
Além da gratidão política, é notório que Sérgio nutre pretensões para as eleições de 2026. O cargo de diretor-presidente da DME serve como uma vitrine estratégica para futuras candidaturas em 2026.
Essa "plataforma de promoção pessoal" reforça a natureza política da nomeação, desviando-a da finalidade pública e da exigência de qualificação técnica.
A situação para o prefeito Paulo Ney é delicada. Se ele tiver que exonerar Sérgio, a decisão pode forçá-lo a um dilema: nomeá-lo para outro cargo, passando um "recibo" de que a nomeação inicial foi de fato uma retribuição política, ou romper o "cordão umbilical" com a gestão passada, da qual fez parte como secretário.
A segunda opção, embora difícil, poderia ser uma tentativa de se desvencilhar dos problemas financeiros atribuídos à gestão anterior, como o "rombo de R$ 33 milhões na Saúde municipal" e a estimativa de dívida de R$ 1,4 bilhão até o fim do mandato.
Resta saber como ambos irão se comportar em tais cenários.
Qual é a sua reação?






