Ordem do Dia 23/05/25

Dois fatos, de distintas origens, caminham no mesmo sentido e direção: a advertência de Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, e o depoimento do brigadeiro Carlos Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica (FAB). 

Dirigem-se ao mesmo resultado: o sepultamento da aventura golpista. Hugo Motta já avisou que o projeto de Anistia, como está, não será pautado. 

O brigadeiro, por sua vez, deu um depoimento decisivo, que deverá selar o destino de Bolsonaro e companhia. Cadeia. 

Certamente, não faltarão aqueles que verão esses dois eventos com outros olhos. Teorias da conspiração, normalmente doentias, já estão sendo construídas para desqualificar os mencionados fatos e seus protagonistas. 

Por mais inconsistentes, ou ilógicas, que sejam, essas teorias terão substantiva adesão. E a devida divulgação. 

Não em razão de seus méritos, mas por necessidade política ou existencial. Muitos vivem disso ou empenharam sua identidade política, ou mesmo pessoal, na construção do "mito" Bolsonaro e de suas contingências. 

Para onde irão essas pessoas? Para o abismo das desilusões? Abandonarão suas crenças? Difícil. Até porque haveria um traço fundamentalista, e até religioso, nisso tudo. 

Por outro lado, a irracionalidade administrativa do governo petista (cada vez mais "petista"), especialmente na condução econômica, seu histórico de mal-feitos, o recorrente besteirol lulista, episódios como o do INSS, somam-se aos desvarios da primeira dama, dificultando qualquer acomodação. 

Grande parte das pessoas se sentem no limbo das convicções políticas. Não haveria terreno seguro à vista. 

Já o assim chamado Centro Político, de perfil racional e democrático, embora teoricamente exista, mais parece um deserto. Atualmente, no que consiste? 

Qualquer que seja o caminho, ou a solução a ser trilhada, carece de projeto e construção. Mas projetistas e construtores estão em falta. Nesse caso, mãos à obra. É o jeito. 

Pelo menos, isso tudo ensinou a muitos incautos o que seria golpe. O que houve com a Dilma foi impeachment. E merecido.

* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com