Ordem do Dia 04/04/25

A maioria dos analistas econômicos, do Brasil, vêem com um certo alívio as tarifas de Trump sobre os produtos brasileiros. "Só" 10%. 

Parece pouco diante das taxas aplicadas ao Vietnam, ou Mianmar, por exemplo: na faixa dos 90%. Para o Vietnam seria quase uma nova guerra contra os EUA. Para Mianmar teria o sabor de um segundo terremoto seguido. Desta feita de tipo econômico. 

É o que dizem: desgraça nunca vem sozinha. Todavia, há os entretantos. Serão adotadas contramedidas tarifárias, por dezenas de países, cujos efeitos seriam imprevisíveis. 

Dois consensos são observados: haverá um novo patamar no relacionamento comercial internacional. Além do que é esperado um impacto inflacionário. 

A indústria brasileira vê-se ameaçada pelo rearranjo que haverá: a China, severamente taxada pelos EUA, buscará outros mercados e poderá inundar o Brasil com  produtos baratos. 

Muito além do xing-ling: veículos, eletrodomésticos, pneus e eletrônicos estariam na lista. Por outro lado, haveria aqueles que vêem  Trump realizar verdadeiros milagres. Talvez proponham sua "canonização" política. 

Trump uniu direita e esquerda no Brasil. Governo, agronegócio, Senado e Câmara trabalharam juntos. E aprovaram a "lei da reciprocidade tarifária" em 48 horas. Milagre? Graças a "são" Trump. 

Isso mostra que governo e  Congresso não trabalham porque, simplesmente, não querem. Seriam marrentos, irresponsáveis e interesseiros. Verdadeira praga. 

Outra lição seria o quanto de convencimento uma causa nacional contém. Para defender o interesse da economia pátria, mares e montanhas de má vontade ideológica foram afastados. 

O que vem mostrar o obvio: a política  vive num palco iluminado. Quando a plateia comparece, o espetáculo acontece. Ainda que no improviso.

* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com