Ordem do Dia 22/05/25
Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia

Vem aí o "Agente secreto", filme brasileiro que disputa a Palma de Ouro, em Cannes. Ainda não estreiou nos cinemas nacionais.
Ambientado em 1977, o filme, segundo sua sinopse, aqui ainda mais sucinta (o que pode sugerir um pleonasmo), seria um drama pessoal, com conteúdo de época. Donde conclui-se: além de sucinta, essa sinopse parece inútil.
Mas como recebeu dez minutos de honrosos aplausos da plateia, em Cannes e disputa a Palma de Ouro, cá estamos.
Mas cá não estaríamos se não fosse brasileira a película. Logo, só nos resta a época: 1977. O ano em que tudo começou.
O novo sindicalismo brasileiro deu as caras nesse ano, surgiu o metalúrgico Lula, criticando o peleguismo da CLT varguista e o imposto sindical (poisé...).
O movimento estudantil, por sua vez, exibiu uma tendência de esquerda, a Libelu, de matriz trotskysta. Se posicionava contra setores à esquerda stalinista, leninista ou maoista, e desafiava a direita, congregando personagens do nível de Paulo Francis, Antônio Palocci, Cláudio Abramo, entre outros.
No exterior, tivemos o escritor George Orwell, militante trotskysta, combatente na Guerra Civil Espanhola, ex-oficial colonial britânico, que dispensa maiores apresentações.
Tinha muita novidade. Nesse clima, falava-se num novo partido, distante dos vícios da esquerda atrasada e burocrática (ora, vejam...).
Pouco mais de um ano depois, movimentos que então ganharam vigor, como o da Anistia e da Abertura, resultaram em frutos nutridos: foram revogados o AI 5 e o Decreto 477. O que, na prática, veio resultar na redemocratização do Brasil. Havia esperança.
Donde conclui-se: se esse filme tiver a metade da atenção de "Ainda estou aqui", sucestibilidades se apresentarão. Provavelmente, mais um capítulo da obtusa polarização se dará.
Por enquanto, não há muito a dizer. Apenas que, conforme as coisas se derem em Cannes, esta Coluna voltará ao tema. Com um gostinho de "déjà vu".
* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com
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