Ordem do Dia 21/05/25

O emérito cientista político e professor Fábio Wanderley Reis ostentatava uma sólida formação acadêmica. Entre seus títulos, Phd pela Universidade de Harvard, EUA.  

Entre suas ferramentas de análise, propunha o exercício de se projetar "hipóteses contrafactuais". Basicamente, pensar no "e se" algo fosse de outra forma, reconstruindo os possíveis resultados. Seria um exercício bastante estimulante. 

Diante do "lufa-lufa" do julgamento da tentativa de golpe bolsonarista, da exposição das várias táticas e estratégias golpistas, do grande esforço e mobilização para tanto, vem a hipótese contrafactual: 

"E se" o governo Bolsonaro tivesse governado? Ao invés de investir energia, tempo e dedicação aos preparativos golpistas? 

Ou se, simplesmente, Bolsonaro tivesse evitado zombar das vítimas da Covid, irritando seus familiares e amigos? 

Ou se Roberto Jefferson não tivesse fuzilado a viatura da Polícia Federal? Ou se Zambelli tivesse mantido sua arma em casa, naquele dia fatídico? 

A diferença no segundo turno foi mínima. Se 1% dos  eleitores de Lula mudassem o voto, o resultado seria outro. 

Certamente, qualquer um de nós conhece alguém que votou em Bolsonaro em sua primeira eleição - mas não votou em sua reeleição. 

A lista de ações atribuídas ao esforço golpista é enorme. Há os acampamentos, os diversos ataques às urnas eletrônicas, o "punhal verde e amarelo", mobilização de embaixadores, articulação estratégica da Polícia Rodoviária Federal, além do tal Dia 8 de janeiro. 

E se tivessem governado, feito campanha e pedido votos, civilizadamente? Talvez, pior que ser  julgado, e eventualmente punido, seja carregar essa dúvida a cada suspiro...

* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com