Ordem do Dia 28/05/25

Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia

Mai 28, 2025 - 09:12
Ordem do Dia 28/05/25

Há momentos na República Tupiniquim que tudo parece felliniano. Surreal. Mas sem graça. Nas duas últimas semanas, por exemplo, só deu Janja e Xandão. 

Para muitos, a versão esquerdista de Moro e Dalagnol. Duplas polêmicas, tal como Bonnie e Clyde. E sem o carisma do Gordo e o Magro, ou de  Abbot e Costello. 

Que hoje seriam politicamente incorretos, diga-se. Mas voltemos a XanJan. Ou JanXan. JanDão? Melhorou. 

Janja, ao declarar não respeitar nenhum protocolo, atraiu para si o escárnio de muitos, na imprensa. Alguns lhe sugeriram pautas de trabalho. 

Outro articulista, lhe desejou um Ministério. Houve aquele que a comparou à primeira dama da Nicarágua, Rosário  Murilo. Mas não fez paralelos entre Lula e Daniel Ortega, embora a formação escolar de ambos seja semelhante. Só deu Janja.  

Quanto a Xandão, seria difícil resumir. Esse virou um misto de Vingador togado e de Geni. Aquela heroína trans, que apesar de salvar a cidade, do Zeppelin, foi enxovalhada. 

Mas Xandão, o herói de muitos, a Geni de outros, "dá motivo". Ainda assim, o cancioneiro popular ainda não lhe dedicou uma canção. Talvez por falta de um Tim Maia. 

O homem, depois de enquadrar o general, quase prendeu o velho comunista, Aldo Rabelo, defendendo o almirante golpista no STF. 

Os extremos sempre se tocaram. Confirmado.  Finalmente, se abraçaram. A última do Xandão foi dar palanque, e destaque, ao Bananinha. 

Aquele deputado licenciado que vive nos EUA, sustentado pelo pai.Inquérito nele. Presidido pelo Xandão (novidade...). Motivo: está fazendo lobby nos EUA. O país do lobby. Onde é legalizado. 

Para a Procuradoria de Gonet, seria crime. Como uma ação praticada em outro país, onde tal conduta seria legal (e regulamentada), poderia ser crime no Brasil? 

Alguém poderia explicar o princípio da territorialidade? De que modo a lei brasileira tipifica (e sanciona) condutas em outro país? 

E se acatada a conduta, pelas autoridades daquele Estado estrangeiro, de quem seria a culpa: do lobista, do Estado ou das autoridades estrangeiras? 

Ou seria "formação internacional de quadrilha"? O chefe seria Trump? Caberia representação ao Tribunal Penal Internacional, de Haia? 

Xandão vai convocar o Secretário de Estado dos EUA, enquadrá-lo e ameaça-lo de prisão? Caberia parafrasear Stallin: "quantas divisões comanda o Xandão?".

A confusão parece clara. E aí vem a pergunta: tem graça? Ou seria apenas ridículo?

* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com 

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