Editorial 25/06/25

Charretes: como alinhar tradição e desafios?
A discussão sobre o fim do serviço de charretes em Poços de Caldas voltou a tona recentemente após a ONG Animais Importam destacar que o prefeito Paulo Ney (PSDB) ainda não teria cumprido uma promessa feita a protetores animais no dia 22 de abril, visando extingir o serviço de charrete por tração animal na cidade.
Não há dúvida de que o tema é complexo, pois evoca tanto a nostalgia de uma tradição quanto as preocupações modernas com o bem-estar animal e a mobilidade urbana.
Não é uma questão de simples solução, e é vital que todos os interesses sejam cuidadosamente considerados.
Quem defende o serviço argumenta que as charretes representam um ícone do turismo local, remetendo a uma época mais romântica e bucólica.
Para muitos visitantes e moradores, elas são parte da identidade da cidade, oferecendo um passeio charmoso e único.
Além disso, o serviço gera empregos e renda para os condutores e para aqueles envolvidos na manutenção dos animais e dos veículos, sustentando famílias que há gerações dependem dessa atividade.
Segundo eles, há ainda a contribuição para o setor turístico, notadamente estabelecimentos comerciais voltados a esse fim.
No entanto, as desvantagens e os desafios para a extinção do serviço são igualmente significativos. A principal crítica reside na questão do bem-estar animal.
Há preocupações legítimas sobre as condições de trabalho dos cavalos, as horas de exposição ao sol, a alimentação adequada, o asfalto quente e a carga de trabalho, apesar das regulamentações existentes.
Organizações de proteção animal e parte da opinião pública clamam por uma transição para alternativas que não utilizem animais.
As chamadas carruagens elétricas são um embrião desta transição, mas seguem no papel. Outro ponto é a própria modernização da cidade, que busca se alinhar a práticas mais sustentáveis e éticas.
A dificuldade em se acabar com o serviço reside justamente neste choque entre a tradição arraigada e as novas demandas sociais e urbanas, além da complexidade de se realocar e indenizar os charreteiros, garantindo-lhes uma nova fonte de sustento.
O debate não pode ser maniqueísta, dividindo-o em "prós" e "contras" absolutos. É preciso buscar um caminho que respeite a história e os envolvidos, ao mesmo tempo em que se avança em direção a uma Poços de Caldas mais consciente e adaptada aos novos tempos.
Qualquer que seja a decisão, será preciso vontade política para tomá-la. Os nossos gestores estão prontos para isto?
Qual é a sua reação?






