Editorial 04/10/25
Charretes: uma novela que se arrasta e precisa de solução
A mais recente proposta para o fim das charretes em Poços de Caldas, apresentada pela Associação dos Condutores de Veículo de Tração Animal de Poços de Caldas, com a sugestão de um período de transição de até cinco anos para encerrar de vez o serviço, é mais um capítulo na novela que se arrasta na cidade desde que a Prefeitura apresentou um projeto de lei sobre o tema.
Enquanto a proposta original da Prefeitura falava que o serviço seria encerrado em 90 dias após o projeto ser aprovado, uma emenda modificativa apresentada pelo vereador Douglas Dofu (União) falava de um novo prazo até 1º de março de 2026, o que contrariou defensores da causa animal, ávidos pelo encerramento imediato do serviço.
Ainda assim, março de 2026 poderia ser uma forma de se obter consenso entre vereadores para o encerramento definitivo do serviço.
A proposta de escalonamento de até cinco anos, que tem como objetivo garantir que charreteiros de 60 anos tenham trabalho até alcançar a aposentadoria por idade, apenas prolonga o sofrimento de animais que, em pleno século XXI, ainda são forçados a servir como atração turística pelas ruas asfaltadas da cidade.
A população, como se vê nas redes sociais, é majoritariamente contra a morosidade para se resolver a questão, e a indignação popular reflete uma consciência coletiva que não pode ser ignorada.
Além do inegável prejuízo ao bem-estar animal, é preciso considerar o impacto financeiro e moral do adiamento.
A cada dia que passa, o debate se acirra, haja vista que a audiência pública de agosto na Câmara Municipal precisou ser encerrada antes da hora por conta de desentendimentos entre as partes.
O projeto de lei da Prefeitura, bem como as emendas propostas por vereadores, podem não ser perfeitos, mas é a solução mais concreta que já se apresentou sobre o tema até hoje.
Ainda que haja divergências sobre valores do auxílio social à categoria e o prazo para o fim do serviço, sabe-se que é possível chegar a um meio termo que seja razovável a todas as partes.
No entanto, a proposta da associação não repercutiu bem perante a opinião pública e a tendência de momento é que não seja levada em consideração.
O fato é que a questão precisa ser resolvida, tanto para atender os protetores de animais quanto aos charreteiros, que trabalham com a incerteza de até quando o serviço irá funcionar.
Atualização: O editorial foi escrito na sexta-feira, 3, para a edição digital de sábado, 4, do Jornal da Cidade. A queda do cavalo que puxava uma charrete, ocorrido no domingo, acabou respaldando a argumentação de que é preciso chegar a uma solução para a questão.
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