Ediorial 18/06/25

Poços precisa sair da inércia e criar novas perspectivas
Poços de Caldas, outrora joia de Minas Gerais e referência nacional, vive um caos financeiro. Os tempos áureos, marcados pela visita de Dom Pedro II, a grandiosidade das Thermas Antonio Carlos na era Vargas e a inspiração francesa do Parque José Affonso Junqueira, parecem uma miragem distante.
A cidade, que primava por ruas largas e calçadas impecáveis, hoje exibe as cicatrizes de um crescimento de-sordenado e da inércia política.
A partir dos anos 1970, a expansão industrial e o aumento populacional, embora impulsionadores do desenvolvimento urbano, trouxeram consigo um passivo que, por muito tempo, permaneceu à sombra do céu entre montanhas.
A gestão pública, cada vez mais centralizada e errática, tem sido incapaz de acompanhar as demandas crescentes na saúde, educação e transporte público.
A rotatividade de leis e a falta de critérios nas contratações públicas se tornaram a norma, enquanto os gastos públicos disparam sem freio.
A fiscalização da coisa pública tornou-se mera formalidade e a análise das contas públicas, um tema maçante e sem apelo eleitoral, foi relegada ao esquecimento.
O jogo mudou, mas nossos líderes parecem não ter percebido. O maior colégio eleitoral da região não consegue sequer eleger um deputado que tenha a cidade como sua base eleitoral.
A Prefeitura aparenta não seguir nenhuma gestão estratégia, até o momento não apresenta planejamento de longo prazo e, o mais grave, sem perspectiva de reverter esse cenário.
O que era um IDH de excelência se transformou em ruas sujas, calçadas esburacadas, jardins negligenciados e uma crescente população em situação de rua.
A cidade cresce sem estrutura, com bairros desordenados e sem planejamento, com incorporadoras cada vez mais impondo seu poderio financeiro.
O trânsito caótico é mais um sintoma de uma gestão sem rumo. Agora, um decreto municipal que determina redução de despesas no âmbito da Administração Municipal, antes de ser encarado como uma medida de responsabilidade financeira e fiscal, é um atestado de que as coisas não vinham bem há muito tempo, convenientemente escondidas debaixo do tapete por questões eleitorais e políticas.
Estamos prestes a iniciar um período de mineração de terras raras, que representa uma encruzilhada para o futuro da cidade.
Se, por um lado, a atividade pode trazer desenvolvimento econômico e geração de empregos, por outro, os riscos ambientais são consideráveis e preocupantes.
Ainda há tempo de mudar e reverter esse panorama. Mas para isto, é preciso vontade política. Os nossos gestores estariam dispostos?
Qual é a sua reação?






