“Circus”, de Lenny Kravitz, um álbum que deve ser redescoberto
Em 1995, ano em que foi lançado "Circus", eu nunca tinha ouvido falar de Lenny Kravitz. Quan-do ele lançou o superhit "Fly Away", possivelmente a sua música mais famosa, em 1999, passou a ser visto com outros olhos. Voltando a 1995, o cenário do rock era um caldeirão de transição.
O grunge, que dominou a primeira metade da década com bandas como Nirvana, Pearl Jam e Soundgarden, começava a perder força após a morte de Kurt Cobain.
Ao mesmo tempo, o britpop, liderado por bandas co-mo Oasis e Blur, ganhava cada vez mais destaque na Europa.
Nos Estados Unidos, o rock alternativo e o punk rock se consolidavam com o sucesso de bandas como Green Day, The Offspring, e Foo Fighters, que lançava seu álbum de estreia.
Além disso, bandas como Red Hot Chili Peppers e Smashing Pumpkins também estavam no auge de suas carreiras. É nesse contexto que Lenny Kravitz lança "Circus".
O álbum se diferenciava das tendências da época. Enquanto muitos artistas se voltavam para sonoridades mais cruas e com forte influência do punk, Kravitz mergulhava em um som mais denso, psicodélico e com referências clássicas dos anos 70, o que o colocava em uma posição um pouco "fora da curva.
A jornada sonora de "Circus"
"Circus", que é o tema desta resenha, teve uma versão deluxe lançada em 2025, em comemoração aos 30 anos de lançamento do álbum, e é uma jornada sonora que mergulha em uma variedade de estilos, desde o rock puro e cru até baladas melódicas, tudo costurado pela assinatura única de Kravitz.
O que se destaca em um primeiro momento é a sonoridade mais pesada e sombria. A faixa-título, "Circus", abre o álbum com uma atmosfera densa e introspectiva, mostrando um lado mais vulnerável e reflexivo do artista.
As guitarras distorcidas e a bateria pulsante criam um ambiente quase opressor, que contrasta com o lirismo da canção.
Em "Rock and Roll is Dead", Kravitz faz uma crítica contundente ao cenário musical da época, lamentando a falta de originalidade e paixão na indústria.
A música é um hino de protesto, com um riff de guitarra marcante e uma energia que remete aos grandes clássicos do rock.
"Can't Get You Off My Mind" e "The Resurrection" são outros destaques, mostrando a habilidade de Kravitz em misturar elementos de soul, funk e rock de forma coesa.
Trinta anos depois de lançado, é um privilégio apreciar "Circus", que oferece uma experiência musical mais profunda e complexa.
É um trabalho que exige atenção, pois cada faixa revela novas camadas e nuances a medida que você escuta mais de uma vez.
É interessante ouvir cada uma dela de forma traduzida, para entender o contexto que o artista quis imprimir naquele momento.
Lenny Kravitz mostra aqui toda sua maestria como compositor, produtor e multi-instrumentista. É um álbum que merece ser redescoberto e reavaliado.
Circus x Circus Deluxe
Como foi dito anteriormente, a versão deluxe que está sendo lançada agora inclui faixas adicionais que não estavam na versão original.
São três faixas bônus de estúdio que antes só estavam disponíveis em um EP limitado e em uma prensagem de vinil de 2018. Essas faixas são "Another Life", "Confused" e "Is It Me, Is It You?". Há ainda versões ao vivo e acústicas das músicas do álbum original.
* João Gabriel Pinheiro Chagas é diretor do Jornal da Cidade
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