Quando o excesso apaga a identidade: um alerta sobre a desarmonização facial

O rosto, que deveria expressar sua essência, acabou se tornando um molde genérico, resultado de intervenções estéticas em excesso

Jun 24, 2025 - 09:23
Jun 24, 2025 - 09:24
Quando o excesso apaga a identidade: um alerta sobre a desarmonização facial

Não são raros os casos em que pacientes chegam ao consultório carregando mais do que marcas no rosto - chegam com arrependimentos, inseguranças e um sentimento de não se reconhecerem mais no espelho.

O rosto, que deveria expressar sua essência, acabou se tornando um molde genérico, resultado de intervenções estéticas em excesso. 

Esse fenômeno, infelizmente cada vez mais comum, tem nome: desarmonização facial.

Ao contrário do que se propõe a estética facial responsável, a desarmonização surge quando o cuidado se transforma em exagero. 

É quando a busca por lábios mais volumosos, maçãs do rosto mais marcadas ou mandíbulas mais definidas ultrapassa o limite do bom senso, da técnica e singularidade de cada pessoa. 

O que começa como uma tentativa de melhorar um detalhe pode se tornar uma sucessão de procedimentos que distorcem traços naturais e tiram a leveza da expressão.

Esse cenário não nasce do nada. Somos impactados todos os dias por padrões irreais, filtros que apagam rugas e afinam narizes, imagens repetidas de um rosto ideal que, na prática, não existe. 

Muitos profissionais, por falta de formação específica ou por ceder à pressão do mercado, acabam aplicando técnicas sem critério, sem planejamento, sem escuta. E o resultado, em vez de beleza, é desfiguração, física e emocional.

A chamada “demonização facial”, termo popularizado para descrever rostos que perderam sua identidade devido ao excesso de procedimentos, é um reflexo direto desse desequilíbrio. 

Não se trata apenas de estética, mas de saúde, de respeito ao paciente e de ética profissional. Preenchimentos mal indicados, toxina botulínica aplicada sem análise adequada, fios em excesso: tudo isso pode gerar complicações como nódulos, assimetrias, inchaços crônicos e até necrose. Mas, além disso, pode destruir a autoestima de quem acreditou estar se cuidando.

Em mais de duas décadas de atuação, vi de perto as transformações positivas que a estética bem aplicada pode gerar, e não apenas no rosto, mas na vida das pessoas. 

Acredito profundamente na beleza que respeita a anatomia, o tempo e a história de cada um. Estética não deve servir para apagar quem somos, mas para revelar o que temos de mais verdadeiro.

Que a beleza continue sendo sinônimo de cuidado, autoestima e bem-estar, nunca de arrependimento!

* Juliana Moreira Chramosta é cirurgiã bucomaxilofacial, especialista em implantodontia e um dos principais nomes do país em procedimentos estéticos e reconstrutivos de alta complexidade 

 

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