Ordem do Dia 11/06/25

Após anos de polarização e de discórdias, um tema parece unir a maioria da população brasileira: o fim da reeleição para cargos executivos. 

Segundo pesquisa Genial/Quaest, esse sentimento estaria disseminado em todas as categorias sociais, faixas etárias e níveis de educação e renda. 

Alcançando quase 60% dos entrevistados, inclusive eleitores de Lula e Bolsonaro, católicos e evangélicos. E, se fossem ouvidos, gregos e troianos. 

Parece evidente que a emenda que extingue a reeleição, em tramitação no Congresso, reúne substantivo apoio. 

A reeleição foi lançada sob a égide da suspicácia, no governo FHC. Falou-se em "facilidades", concedidas a congressistas, para aprovarem a emenda da reeleição. Seria só o começo da tragédia. 

Com o tempo, as "facilidades" se espalharam como peste. Esta coluna já criticou, mais de uma vez, a extinção dos Estadistas e sua substituição por "campanheiros": políticos, uma vez eleitos, preocupados somente com a continuidade no poder. 

Até que ponto o fenômeno da reeleição teria contribuído para isso, seria uma questão a ser discutida. O fato seria que, diante da reeleição, empalidece o legado. A sobrevivência sempre fala mais alto. 

Além do que, a renovação nos cargos executivos, dada sua concentração de poder, seria tão necessária quanto a renovação das fraldas nos bebês, dada sua concentração de outras coisas. 

Essa ideia seria antiga, a analogia procedente, mas tem sido esquecida. Conveniência, talvez. 

Certamente, o fim da reeleição para os cargos executivos deve movimentar as estratégias políticas. Mitigando, primeiramente, a polarização. Pelo visto, a população anda cansada de muita coisa.

* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com