Ordem do Dia 10/06/25

O quadro de desordem na Califórnia seria de alta complexidade. E de difícil ponderação. Primeiramente, as variáveis que informam o contexto, nos EUA, oferecem dificuldades adicionais para o observador brasileiro. 

A grande diferença seria que cada Estado, daquele país, possui alto grau de autonomia. Vota suas próprias leis civis, penais, eleitorais e administrativas. Haveria, até mesmo, sistema de extradição de prisioneiros de um Estado para outro. 

O consumo de maconha, a realização de abortos, ou mesmo a prática da prostituição, por exemplo, são diferentemente tratados em diferentes Estados. O que justificaria, ou não, um processo de extradição, além de discussões jurisdicionais. 

No caso da Guarda Nacional, enviada por Trump para a Califórnia, haveria uma ilegalidade flagrante. Dependeria do governador essa convocação, sendo a atitude de Trump rigorosamente imprópria. 

A ameaça do secretário de defesa dos EUA, por sua vez, de enviar fuzileiros navais para invadir o Estado, seria ainda pior. Coisa de louco. O equivalente a uma guerra civil. 

A presença da Guarda Nacional na Califórnia escalou o conflito, aumentou a tensão, o que gerou outras ameaças. 

Seria como jogar gasolina no incêndio. Será que pretendem abrir fogo contra manifestantes desarmados?  

É preciso lembrar que os EUA já vivenciaram uma Guerra Civil, no século XIX. Foi a pior guerra da história daquela nação. 

E seus fundamentos políticos, e legais, passaram por discussões desse teor, relativas à autonomia do sistema federalista, até hoje vigente no país. Não parece ser coisa para se brincar. 

No que diz respeito à nós brasileiros, e ao restante do mundo, tudo isso concorre para a escalada da  desorganização econômica, já iniciada por Trump. Onde pretendem chegar?

* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com