Morre o escritor poços-caldense Daniel Laier
Autor de "O Labirinto do Corpo", Daniel estava preparando seu segundo livro
Poços de Caldas (MG) - A literatura brasileira sofreu uma grande perda no sábado, 4, com a morte do escritor Daniel Laier (1978–2025), aos 46 anos. Ele estava internado na UTI após sofrer um infarto.
Nascido em Poços de Caldas, Laier estreou tardiamente, mas de forma impactante, com o romance "O Labirinto do Corpo" (Sétimo Selo, 2024), e já era considerado um nome de grande potencial e dedicação integral ao ofício das palavras.
O escritor e jornalista Paulo Briguet, amigo pessoal de Laier, lamentou a perda, destacando o valor literário do autor. "Eu perdi um amigo, e o Brasil perdeu um grande escritor," declarou Briguet.
Estilo meticuloso e profundo
Laier era reconhecido por um estilo de narrativa poderoso e meticuloso, que explorava o trivial e o cotidiano como "portais para a contemplação dos grandes mistérios humanos". Briguet comparou sua escrita à de mestres como Marcel Proust, Samuel Beckett e Aleksandr Soljenítsin.
A preocupação estética de Laier, que elaborava cada frase para a "máxima capacidade expressiva" à maneira de Flaubert, era, segundo o amigo, movida por um profundo amor à verdade.
Legado e Obra Póstuma
Em sua breve, mas intensa, carreira, Daniel Laier deixou um segundo romance já concluído. Paulo Briguet, que havia sido convidado para prefaciar a obra meses antes, agora o fará com a "pena da tristeza e a tinta da admiração".
Este segundo volume é uma sequência de "O Labirinto do Corpo", mas com um retrocesso temporal.
Enquanto o primeiro livro se passa em 2005 (durante o escândalo do Mensalão), relatando a "Via Dolorosa" do protagonista Davi após um diagnóstico médico, o romance póstumo explora a difícil experiência de Davi em uma faculdade de música em São Paulo em 2002, ano da primeira eleição presidencial de Lula.
Daniel Laier explicou o propósito da obra: abordar o ambiente universitário, a censura imposta pela esquerda e fazer um "painel daquele tempo", contrastando as expectativas da época com a realidade desvelada pelo primeiro caso de corrupção do governo petista em 2005.
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