Editorial 30/10/25

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Out 30, 2025 - 16:28
Editorial 30/10/25

Patrimônio histórico de Poços não pode ser moeda de troca

A notícia da inclusão do Palace Casino, do Palace Hotel e das Thermas Antonio Carlos na lista de ativos estaduais que Minas Gerais pode usar para abater sua dívida com a União pegou a cidade de surpresa.

Mais surpreendente ainda foi a inércia dos políticos de Poços de Caldas a respeito de um projeto de lei que deu entrada na Assembleia Legislativa em maio deste ano e, ainda que não contemplasse em um primeiro momento os maiores patrimônios históricos da cidade, era questão de tempo para que isto viesse a acontecer. Não deu outra. 

Tanto é que o próprio governo do Estado, ainda no segundo semestre do ano passado, já sinalizava que faria algo do tipo, ao iniciar discussões para fazer a concessão das Thermas, o que já gerava temores de redução do acesso da população ao balneário sob gestão da iniciativa privada. 

Com o avanço do projeto de lei na Assembleia Legislativa e a iminente inclusão de patrimônios tão simbólicos para a cidade, a defesa em um primeiro momento de Poços de Caldas veio de alguém improvável: a deputada Beatriz Cerqueira (PT), que não tem base eleitoral por aqui e que mesmo assim apresentou emenda solicitando a retirada destes bens da lista. 

Com a repercussão do projeto, o presidente da Câmara, Douglas Dofu (União) também entrou na luta. O deputado estadual e relator do projeto, Rodrigo Lopes (União), também se movimentou diante da repercussão negativa e já teria providenciado a retirada dos imóveis do projeto. 

A se confirmar oficialmente, é uma grande notícia para a cidade. Mesmo com as intervenções providenciais dos deputados, causa estranheza que a Prefeitura não tenha entrado ativamente na briga e nem mesmo se manifestado publicamente. 

Estes edifícios não são meros bens imobiliários; são a história e a identidade de Poços. São patrimônios tombados que geram empregos e fluxo turístico. 

Transferi-los ou aliená-los, mesmo sob o pretexto de ajuste fiscal, seria um grave erro estratégico e uma perda irreparável para a coletividade e para a política de preservação da memória. 

A federalização ou a venda comprometeria o uso público contínuo e a função social que exercem hoje - de eventos culturais e turísticos (Casino) a serviços de saúde e terapia (Thermas). 

O governo estadual não pode negligenciar a importância desses marcos em nome de um mero cálculo financeiro. 

Com os imóveis sob a propriedade do Estado, eles seguem mais próximos dos interesses turísticos do município. 

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