Ordem do Dia 06/05/25
Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia

Ao Papa Francisco é atribuída a pregação de se construir "pontes" e não "muros" entre as pessoas. Essa seria uma crítica ao muro de Trump, construído ao longo da fronteira dos EUA com o México.
Que seria uma barreira física em andamento, mas plenamente em funcionamento por outros meios de exclusão.
Entretanto, o simbolismo papal faz sentido, e daria frutos, num mundo orientado pela colaboração e fraternidade.
No mundo em que vivemos, os muros parecem mais comuns que pontes. E mais desejáveis. Já que colaboração e fraternidade são valores que parecem caminhar para o desuso ou para o esquecimento.
Alguns muros são historicamente famosos. O Muro de Berlim, ou "muro da vergonha", é fruto de uma disputa ideológica. Ao simbolizar o Império Soviético, sua queda, aparentemente, precipitou a queda de toda a URSS.
A Linha Maginot, assim como a Zona Desmilitarizada, entre Coréia do Sul e do Norte, se pretendem obstáculos militares. Nas Coréias a barreira ainda existe.
A barreira francesa, uma vez contornada pelas forças nazistas nas Ardenas e pela Bélgica, principalmente, perdeu função estratégica. Embora tenha funcionado nas poucas batalhas em que foi testada.
Agora é a vez da Polônia. Que constrói, há alguns anos, o próprio muro, procurando se defender de Putin.
A Polônia já foi covardemente invadida e dividida entre stalinistas e nazistas, no início da Segunda Guerra. Irmanados pelo tratado Molotov-Ribentrop, assinado por Hitler e Stalin.
O muro polonês seria sinal dos novos tempos, influenciado pelo passado. Seria o velho ditado em funcionamento: "cachorro picado de cobra tem medo de linguiça". Infernal.
Não pretendem cometer o erro de Maginot e se preparam para estender o muro por outros países vizinhos. Também temerosos.
Considerando as barreiras físicas, eletrônicas, táticas e estratégicas do muro polonês, seria mais fácil fugir do reino de Hades que superar o tal muro.
"Ou zona de exclusão". Até pântano artificial prevê, o que impediria o avanço blindado, também problematizando a vida da infantaria, tornando-os alvos fáceis.
Entretanto, a ameaça nuclear, ao fim e ao cabo, torna qualquer barreira supérflua, diante da insidiosa radiação. Que se segue à devastação nuclear. Ameaça recorrente nas falas de Trump.
O que fará, da Terra, o domínio de Hades. Em eterno e obscuro inverno. E, desta feita, sem a presença de Perséfone, para dar uma aliviada...
* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com
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