Subnotas 07/02/25
Na coluna Subnotas, Daniel Souza Luz fala de política com humor e de humor com política

FÉRIAS
Voltei. Se isso é bom ou não, não sei.
AGORA AGUENTA
Mal assumiu e Paulo Ney (PSDB) já teve que ver cartazes de "Fora Paulo Ney", "Paulo Ney Traidor" e "Paulo Ney Nunca Mais" na manifestação dos ex-funcionários contratados pela Santa Casa Paulista (a Santa Casa de Salto de Pirapora), cujos salários a prefeitura de Poços de Caldas atrasou, na câmara municipal. Pelo menos os vencimentos do prefeito são altíssimos e pagos em dia.
CARNAVAL
Essa movimentação de prefeituras do sul de Minas Gerais de cancelar o Carnaval com a justificativa de alocar recursos para a saúde e outras áreas tem um nome: presepada populista. Carnaval é uma festa importante para a saúde mental do trabalhador, para começo de conversa. Não preciso nem falar da importância cultural. Ou talvez precise, graças à lamentável conjuntura na qual a extrema direita nos meteu. Esse afã de agradar evanjecas fundamentalistas ainda vai custar muito caro à sociedade brasileira e à sua identidade. Ainda bem que essa deletéria onda reacionária não chegou com força total em Poços de Caldas, que já tem o precedente temerário do cancelamento do desfile das escolas de samba.
CONSTATAÇÃO
Eu nunca vi quem reclama de Carnaval ou de feriados, dizendo que as pessoas não querem trabalhar, trabalhando nessas datas. Jamais. Quem trabalha durante essas ocasiões não tem nem tempo de reclamar, por outro lado.
DEVIR
"Deixa a criança brincar, sem o teu pecar, sem o teu aval. Sem a lei que nos constrói, sem a culpa que nos corrói. Sem Estado e sem jurisdição, sem pecado e sem jurisdição. Por tolerância e expressão, sem censura e sem repressão", diz a letra da música do grupo poços-caldense Dons Maria cujo título peguei emprestado para esta nota. A vocalista Tine Taga, aliás, nos deixou precocemente no ano passado, uma sina tristemente comum entre mulheres trans. Enquanto isso, o tosco prefeito de Carmo do Rio Claro, do tipo que transforma a vida de pessoas trans num inferno, faz escola por aqui, ou melhor dizendo, inspira um ataque simbólico a escolas por mais um vereador que não é educador.
PROIBICIONISMO
O citado vereador é do PL, claro, e não citarei o nome justamente porque projetos estapafúrdios têm funções propagandísticas. De qualquer forma, é mais um querendo legislar de forma desinformada sobre escolas municipais. Agora vem aí um projeto de lei proibindo "músicas impróprias para crianças e adolescentes" em escolas. Como se músicas com obscenidades fossem executadas diuturnamente em salas de aula ou atividades lúdicas. Ora, faça-me o favor. E é vereador e não educador que vai dizer o que é impróprio? Uma música como Devir seria imprópria para um fulano desses? Vão confiando em critério de quem provavelmente não lê livros, nunca leu um encarte com as letras de um disco e não entende patavinas de arte.
* Daniel Souza Luz é jornalista, escritor e revisor. E-mail: danielsouzaluz@gmail.com
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