Ordem do Dia 07/02/25

Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia.

Fev 7, 2025 - 12:34
Ordem do Dia 07/02/25

Certa feita, há anos, um colunista de um jornal, publicado numa conhecida cidade do Sul de Minas, teria surtado. 

Escreveu uma coluna inteira, bem maior que o espaço usual desta "Ordem do Dia", registrando apenas "blá-blá-blá". De cima embaixo, a coluna toda, registrava apenas "blá-blá-blá". 

Os comentários foram vários, mas o colunista conseguiu algum resultado: foi  contratado, pelo então prefeito daquela cidade, para ocupar um cargo honroso. 

O alcaide teria se sensibilizado com a aparente crise do colunista. O colunista exerceu  a função por alguns anos. 

Não é piada. É fato. O que nos leva a indagar: o que aconteceu com o colunista? Há especulações sobre isso. Uma delas sugere uma desilusão amorosa. Outra, um impasse profissional. Ou mesmo, um "porre" monumental. "Piração total", disseram outros. 

Entretanto, na linha da especulação, poderia ser uma síndrome, uma compulsão, própria de colunistas. Alguns passam a vida segurando o ímpeto. Outros não. 

As novas tecnologias permitem que qualquer um acesse as redes sociais e solte o verbo. Muitos dizem besteiras, absurdos, mentiras, praticam golpes e promovem desgraças. Isso diariamente. 

O que não ocorre com o colunista de um órgão de imprensa regular. Há limites: conforme o que se escreve, haveria consequências civis e penais. Ou até físicas... 

Além da quebra da credibilidade. O que torna imprestável qualquer colunista, mesmo aquele que trate apenas do clima. Imprevisível, por definição. 

Então, diante do ímpeto de "chutar o balde", tolhido pelas circunstâncias, o colunista dispara uma metralhadora de "blá-blá-blás". 

É o máximo que poderia fazer. Ligeiramente desconfiado de que suas melhores colunas não passariam de blá-blá-blás articulados, cujos efeitos não iriam além disso: meros blá-blá-blás. 

Salvo se arrumar um bom emprego. De preferência um que não precise suar muito. Aí, valeu o blá-blá-blá. Mas morreu o colunista.

* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com 

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