Alienação parental: proteção ou vingança?

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É comum casais se separarem por se sentirem em uma relação desgastada, esbanjando raiva, ódio e muita mágoa. Por fim, apenas lhes resta o sentimento de vingança e, a partir daqui, as ações passam a ser direcionadas para a destruição, a todo custo, daquele que um dia foi seu grande amor.

Até então, toda esta dinâmica representa apenas como adultos lidam com afetos e desafetos. Eles são os responsáveis por tudo que estão enfrentando e responsáveis pelos seus atos, desta forma, devem resolvê-los.

O que mais dificulta a situação é que normalmente pode existir um terceiro elemento importantíssimo, o filho. Elemento este, que será o mais prejudicado, simplesmente por amar incondicionalmente seus ascendentes.

Aqui as coisas se complicam porque esse (ex) casal está em um momento tênue, onde normalmente tentam se atacar e acabam usando sua prole de instrumento para atingir o outro, iniciando a alienação parental.

A alienação parental nada mais é do que a interferência de pais, avós ou adultos no geral que convivem com a criança, no seu desenvolvimento, tentando macular a imagem de um dos genitores com a intenção de afastá-la desse ou prejudicar o vínculo afetivo entre eles.

Ela provoca na criança uma diminuição em sua autonomia reflexiva e senso crítico, tornando-a imersa nos discursos alienantes e incapaz de sair sozinha desta imersão.

Para a psicologia, a alienação parental é uma forma de abuso ou maus-tratos, sendo considerado um conjunto de sintomas, onde o cônjuge alienador molda a consciência de seus filhos, usando de diversas estratégias de atuação, tendo como objetivo destruir o vínculo que a criança possui com o outro familiar.

Crianças vítimas desta alienação, entram pelos consultórios de psicologia todos os dias e as famílias desesperadas, não compreendem o que acontece com seus filhos, mas na maioria das vezes os sintomas estão ligados ao estresse, ansiedade, tristeza, raiva e muitos problemas de relacionamento, principalmente na escola.

Poderíamos aqui enumerar diversos sintomas, mas o importante mesmo, a priori, é compreendermos que a alienação pa-rental causa uma exaustão mental que, se não tratada, causará grandes danos à criança.

Nos dias atuais a guarda compartilhada veio para tentar resguardar o direito dos filhos à convivência familiar, visando a participação dos dois pais na vida desta criança e tentando coibir a prática da alienação parental reduzindo as chances do filho vir a ser objeto de disputa entre seus responsáveis.

Este texto é para que possamos refletir sobre nossos atos, pois entendemos o amor que os pais têm pelos filhos, mas uma crítica se faz necessária: no mundo em que vivemos, onde o egoísmo e o individualismo são pilares sustentadores da sociedade, até que ponto nós mesmos não somos reproduto-res deste comportamento alienante enquanto atuamos no processo de socialização das nossas crianças?

É importante garantir que a identidade e raízes dos filhos não se percam no momento em que ocorre uma mudança familiar. Se seu filho possui diversos sintomas após a separação e você não compreende onde está errando, procure um profissional que possa te orientar.

Não deixe sequelas no seu filho, do qual terá que lidar com elas no futuro. Não transfira a seus filhos suas frustrações, em relação ao seus cônjuges e sempre reflita: Com minhas ações, estou protegendo ou usando meu filho de escudo para minha vingança?

* Cristiane Fernandes é mestre em Qualidade de Vida, psicóloga, pedagoga e educadora Musical em Poços de Caldas.