Precisamos nos unir, presidente

Senhor presidente, em outras circunstâncias talvez não lhe escrevesse pois não teria motivo. Mas, hoje eu e todos aqueles que se preocupam com o país têm.

Vossa Excelência, na condição de presidente do Brasil, é o presidente de todos os brasileiros – inclusive o meu. É nessa condição que lhe escrevo. Tenho para mim que, na sua posição, o senhor deveria verbalizar certas questões com mais cuidado e com responsabilidade a altura do posto que ocupa.

Diante do quadro catastrófico em que nos encontramos, a União é um ator primordial que pode – e deve – tomar as medidas necessárias para tornar eficaz o combate à pandemia. Mas, o arranjo federativo do nosso país pede que isso seja feito com uma forte união entre as partes envolvidas. O Governo Federal, Estados e Municípios, aliados aos cidadãos brasileiros, às empresas e à academia, de-vem caminhar juntos no combate ao novo coronavírus.

O vírus veio para nos testar. Na verdade, mais do que isso. Ele veio para nos unir! Unidos devemos estar no combate ao contágio e à expansão do Covid-19, unidos devemos estar no confinamento para evitar um aumento exponencial no número de infectados e a sobrecarga do sistema de saúde.

Apenas unidos conseguiremos limpar o planeta desse vírus. Os governos devem trabalhar juntos para garantir nossa vitória na área da saúde. Para ampliar o acesso à testes, à remédios e ao material de proteção e necessários para o trabalho dos exemplares profissionais que estão na linha de frente do combate a esta pandemia.

Todas as instâncias do governo precisam se unir para assegurar que nossas cidades tenham o maior número de leitos possível – principalmente aque-les de UTI – e para que tenham respira-dores e outros equipamentos necessários para garantirem um atendimento digno para todos.

O debate entre isolamento da população e preservação do emprego não deve se polarizar como o resto das discussões políticas. Saúde e economia só se recuperarão em conjunto. A velocidade com a qual o vírus evolui é central para a retomada da atividade econômica, que por sua vez é necessária para manutenção das necessidades básicas do ser humano – do emprego, da renda e da qualidade de vida.

Estamos falando sobre vidas. Acima de tudo estamos falando sobre vidas! Sabemos que isola-mento total causará severas fraturas na economia do nosso país. Mas, ao pensarmos na estratégia de isolamento vertical – método de isolamento focalizado nos grupos de risco – é importante levar em conta a qualidade da infraestrutura do nosso país em termos de saneamento básico e das condições de higiene.

Devemos pensar com cuidado na realidade das famílias brasileiras, da qual fazem parte crianças que são cuidadas pelos avós, famílias que moram todos na mesma casa ou cômodo e condições de vida e trabalho precárias. Uma série de estudos têm demonstrado que medidas, restringindo fortemente interações sociais, são eficazes em conter a curva de disseminação.

Não à toa, o próprio Reino Unido há pouco abandonou a estratégia focalizada. Para garantir empregos, pre-cisamos nos unir aos empresários. Pre-cisamos compreender que eles necessitam de garantias para continuarem os trabalhos. É essencial que o governo organize um robusto pacote de isenções fiscais, complementações salariais e uma significativa ampliação nas linhas especiais de financiamento.

Mais do que nunca, esta é a hora de colocar na mesa as possibilidades de expansão da base monetária, da ampliação da dívida pública, de utilização dos recursos da Conta Única do Tesouro, ou das reservas cambiais. Para garantir a sobrevivência e a paz social precisamos assistir à grande parte da população economicamente ativa.

Precisamos olhar por aqueles que se encontram na informalidade e que precisam “vender o almoço para comprar a janta”. Precisamos olhar pelos milhões de desempregados e proporcionar uma renda mínima suficiente para que essas pessoas tenham o mínimo de dignidade.

Conte com todo o nosso apoio, é isso que o momento pede! Mas, apoie em dobro aqueles que estão lutando para preservar nossa saúde, nossa economia, os em-pregos e a renda do país. Presidente, encare essa luta como se fôssemos todos um só, unidos! Só assim nossa vitória será completa.

* Eduardo Junqueira Dias é cidadão poços-caldense


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