Jornalista responde dúvidas sobre reativação do ramal ferroviário

Rubens Caruso Jr. explicou as principais questões sobre o projeto

No sábado, 22, quando o Movimento Poços na Linha e a Escola Criativa Idade comemoraram os 130 anos da inauguração do Ramal de Caldas, da Cia. Mogyana de Estradas de Ferro, com as presenças do Imperador Dom Pedro II, da Imperatriz Tereza Cristina e demais integrantes da comitiva real.

Pontos relacionados à reativação do ramal ferroviário de Poços de Caldas voltaram a ser questionados, assim como a implantação de um trem turístico, o que sugeriu ao jornalista Rubens Caruso Jr. editar perguntas e respostas sobre o assunto.

Esse projeto já não deu certo no passado. Por que insistir?
São assuntos distintos. O Trem Turístico que operou até meados da década de 1990 era um empreendimento privado, sujeito a severas exigências econômicas da Fepasa, uma estatal paulista. Esse modelo acabou inviabilizando o projeto. O Poços na Linha é um projeto da cidade, a ser operado por uma OSCIP, a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária- reconhecida por seus Trens Turísticos como os de Campinas a Jaguariúna ou São Lourenço a Soledade de Minas.

É verdade que o Trem Turístico vai tirar dinheiro da saúde?
Não. Desde o início dos estudos de desenvolvimento do projeto foi premissa não usar recursos municipais. Em 2012 o governo federal ofertou verbas para projetos de Trens Turístico e muitas cidades de habilitaram e conseguiram levar adiante seus projetos. Em 25 de janeiro de 2016, Poços firmou convênio com a Codemig, obtendo recursos de R$ 10 milhões a título de investimento do Estado no município –não se trata de financiamento, mas de recursos estaduais dos nossos impostos voltando para Poços.

Mas a Prefeitura não entra com nada?

Não. O que há, e está destacado no Convênio com a Codemig, é uma contrapartida a ser “atendida por meio de recursos não financeiros” como “serviços de administração” ou “limpeza”. Assim, é possível viabilizar essa contrapartida usando a própria estrutura funcional da Prefeitura.

O Trem Turístico não será “outro Monotrilho”?
Não. São projetos completamente distintos, sendo impossível qualquer comparação.

Mas o projeto do Trem Turístico é viável economicamente?

Sim. Em 2014 a Prefeitura contratou um Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica, extenso trabalho que detalhou todas as necessidades para a reconstrução da linha férrea e o modelo de operação mais adequado a uma cidade turística como Poços. Vai gerar emprego e renda e aumentar muito a visibilidade da cidade em favor do turismo nacional e mundialmente.

É verdade que o trem vai acabar com o trânsito da cidade?

Não. Esta é uma das grandes falácias criadas pelos poucos que estão se opondo ao projeto. Um único ponto de cruzamento vai necessitar uma atenção diferenciada, coisa que existe em todo o mundo e em muitas cidades do Brasil: o cruzamento da ferrovia com o “Trevo da PUC”. Mesmo assim, o Trem Turístico não circulará com frequên-cia suficiente para congestionar o tráfego.

O Trem Turístico vai expulsar os moradores da Rua Beira Linha?

Não. Os moradores são em sua maioria ferroviários e seus descendentes, e são parte importantíssima deste projeto. Na verdade, eles verão sua cidadania “resgatada”, inclusive pela recuperação do próprio leito ferroviário que passa diante de suas moradias.

Por que o projeto Poços na Linha contempla apenas a viagem entre as Estações Poços e Bauxita?

Com relação a viagens para Águas da Prata, o trecho a partir da Estação Bauxita na direção da cidade vizinha está sob concessão à iniciativa privada, para o transporte exclusivo de minério, o que inviabiliza por enquanto a discussão inclusive pela não disponibilidade de horários convenientes para viagens de passageiros.

Por que o projeto ainda não foi concretizado?

Um projeto dessa grandeza, com todo o impacto positivo que produzirá, demanda muito trabalho -voluntário pelo lado do Movimento que luta pela volta do Trem, burocrático pelo lado do poder público. Está nas mãos da futura gestão a sequência do projeto.