De boca aberta

Sempre que necessário estaremos boquiabertos em relação aos fatos que precisam ser denunciados e, ou, mostrados. Há um velho discurso em que o foco é dizer que “para governar é preciso fazer alianças”.

Com isso, naturalmente, rasgam-se os manuais e o discurso supera a ideologia, a ética. E, assim, os preceitos ético-partidários, os interesses coletivos e dos eleitores são varridos para o fundo do poço.

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Rasgadas todas as convenções, tem lugar o fisiologismo, os interesses grupais e os individuais daqueles que se aboletam no poder a cada quatro anos, pois – pela falta de coerência política – os eleitores percebem e – com seus votos – varrem os governantes de plantão os quais – colocados pela população crédula (prestem a atenção: crédula e não burra como muitos costumam adjetivar), fazendo o discurso do “vamos fazer diferente”, “vamos atender aos reclamos da sociedade”, “vamos aproveitar os funcionários de carreira”, “vamos economizar”, “vamos usar o dinheiro público com parcimônia” e assim vamos…

Infelizmente o personalismo fala mais alto. O compadrio esvazia qualquer ideologia e uma eventual ética pessoal. E nisso pecam todos os partidos. Daí o não-envolvimento da população nas questões partidárias e governamentais.

Daí vem o sinônimo para político: ladrão, corrupto, safado, falso, oportunista e tantos outros impublicáveis, mas que todos imaginam quais sejam. Resultados como o do Mensalão, Lava a Jato ou Lava Jato (?) ou outras CPIs mostram o quanto o povo se decepciona com os atos do Executivo e do Legislativo.

Por sua vez, o Judiciário, tentando moralizar o quadro caótico existente, muitas vezes é taxado de radical e tendencioso, numa busca casuística de desautorizar as suas ações.

Pelo lado político-partidário, sente-se o esfacelamento das doutrinas de todos os partidos que – a cada reunião eleitoreira e de conchavos – busca a sua aliança com o vencedor. Para tanto, tais agremiações tornaram-se federações partidárias e, em cada Estado, a cada eleição um arremedo de representantes do povo.

* Hugo Pontes é professor, poeta e jornalista. E-mail: hugopontes@pocos-net.com.br