Covid-19 já matou mais pessoas em Poços do que a gripe espanhola

Em 1918, 144 pacientes morreram, enquanto em 2020-2021 já são 146 óbitos


Ontem, 10, Poços de Caldas registrou mais três mortes por Covid-19 e alcançou uma marca história.

Com 146 óbitos confirmados, a pandemia de Covid-19 já registra mais mortes do que a pandemia de gripe espanhola, que assolou o mundo em 1918. Enquanto a pandemia de Covid-19 levou um ano para atingir a marca, a pandemia de gripe espanhola matou em poucos meses.

Em Poços de Caldas, morreram naquela ocasião 144 pessoas. Da população de nove mil habitantes da época, cerca de seis mil pessoas foram contaminados com o vírus, ou seja, dois terços da população poços-caldense contraiu a gripe espanhola. Atualmente, segundo o IBGE, Poços tem 168.641 habitantes, o que representaria 0,08% de mortes.

“Os corpos de suas vítimas eram recolhidos às pressas e enterrados sem a presença dos familiares, sem os cultos religiosos comuns na época, em valas comuns no Cemitério da Saudade, onde ainda existem alguns túmulos dessas pessoas. Podemos afirmar que ela era muito mais rápida que o Covid-19. Os sintomas eram muito mais imediatos. As pessoas se infectavam num dia e no dia seguinte já estavam mortas”, relata o escritor Luiz Roberto Júdice, autor do livro “A Gripe Espanhola em Poços de Caldas”.

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A GRIPE ESPANHOLA
A gripe espanhola de 1918 foi a mais grave de todas as pandemias. As estimativas mais modestas asseguram que ela matou mais de 40 milhões de pessoas em todos os cantos do planeta em pouco mais de 120 dias. Todos os continentes foram atingidos pela gripe.

A gripe espanhola chegou ao Brasil em outubro de 1918, trazida pelos navios SS Demerara e Itassussê, este último transportava soldados e marinheiros, mortos e doentes, infectados pela gripe na costa da África, e durou até o fim de dezembro. Foi o suficiente para matar cerca de 35 mil pessoas e infectar 300 mil no país.

Em poucos dias, a doença atingiu vários Estados. Em Poços, a gripe espanhola chegou em novembro de 1918. Havia na cidade pouco mais de 12 médicos.

Alguns adoeceram, enquanto outros se recusaram a atender os doentes. Coube aos médicos Francisco de Faria Lobato, Antônio Rezende Chagas e Francisco Mineiro Lacerda, entre outros poucos abnegados, socorrer a população.