Afinal, castração animal é mutilação?

A médica veterinária Carolina Rocha fala sobre a importância da castração animal em cães e gatos.

Para conscientizar a população e desmistificar todo o preconceito que há em torno da castração, é preciso explicar sobre o falso conceito de mutilação do animal e também à violação de escolha dele em procriar.

Há milhares de anos, os cães e gatos foram domesticados. Todas as escolhas desses animais são feitas pelo tutor, seja na alimentação, no estilo de vida e inclusive, sobre ter ou não filhotes.

Não se trata de mutilação, se o procedimento é realizado de modo correto, com profissionais capacitados, toda a higienização, esterilização, analgesia e os cuidados pós-operatórios necessários. A cirurgia em nada tem a ver com maus tratos, ao contrário, evita enfermidades e a superpopulação de animais nas ruas.

O ideal é que a castração seja feita antes do animal alcançar a maturidade sexual. Nos cães machos, por exemplo, antes dos seis meses, tendo a certeza de que os testículos já desceram até a bolsa escrotal, essa certificação é fundamental, pois quando o filhote macho é muito novo, os testículos ficam localizados na cavidade abdominal.

Nas fêmeas, a castração deve ser efetuada antes do primeiro cio. Existe um mito de que devemos deixar a cadela ter o primeiro cio, por causa do desenvolvimento, mas não há necessidade. Falamos cada vez mais sobre a castração precoce, então, com 3 ou 4 meses, as fêmeas já podem ser operadas.

Principais benefícios da castração
Para a sociedade
• Alternativa mais adequada para o controle populacional de animais abandonados e é claro, para a saúde e bem estar dos bichinhos;
• Diminuição da incidência de doenças transmitidas de animais para humanos, como a raiva.

Para todos os cães e gatos
• A expectativa de vida do animal aumenta, alguns estudos apontam que animais castrados vivem cerca de 10 ou 15% a mais, do que os não castrados;

Nos cães machos
• Evita tumores nos testículos, diminui a incidência de câncer de próstata e problemas urinários;
• Diminui as chances de contrair o TVT (tumor venéreo transmitido), propagado durante o coito com animais já infectados;
• Diminuição da marcação de território (urinar em vários lugares da casa), isso quando o procedimento é feito com o animal ainda jovem.

Nas cadelas
• Diminui os índices de doenças transmitidas por meio do coito (cruzamento entre animais), protege da “piometra”, infecção no útero comum naquelas que não passaram pelo procedimento. A prática de castrar também impede tumores de mama e infecções uterinas.

Nos gatos de ambos os sexos
• Diminuição da incidência do vírus da imunodeficiência felina (AIDS felina), transmitida por meio de mordidas e arranhões de animais portadores do vírus, em geral durante brigas nas ruas. Quando castrados, eles tendem a sair menos de casa e ficam mais calmos.

Nas fêmeas (cadelas e gatas)
• Ausência do cio, que levaria à irritabilidade nas cachorras e miados intensos durante à noite para a gatas.

* Carolina Rocha é médica veterinária