Ocupação do David Campista continua, mas aulas voltam na segunda

Formato das aulas será definido entre alunos e professores

Uma reunião entre representantes do movimento #OcupaDavidCampista, da 31ª Superintendência Regional de Ensino de Poços de Caldas, do governo do Estado e de escolas estaduais locais aconteceu na tarde de ontem, 20, para debater a ocupação da Escola Estadual David Campista.

O prefeito Eloísio do Carmo Lourenço (PT) e o diretor do Ensino Médio da Secretaria de Estado de Educação, Wladimir Coelho, também estiveram presentes. Durante o encontro, foram debatidos temas como a PEC 241 (que limita gastos públicos) e a MP 746 (que propõe reforma no Ensino Médio), apontados pelo Grêmio Estudantil Carolina Maria de Jesus como motivadores da ocupação.

VOTAÇÃO
A maioria dos servidores que atuam na escola votou pela continuidade da ocupação. Outra votação definiu que os professores da escola e demais servidores irão retornar a partir de hoje, 21, às atividades na ocupação, “para participar, ajudar e colaborar em seu horário”.

Para hoje, estão previstas novas reuniões em conjunto com o Grêmio, a direção da escola e o corpo docente para organizar as atividades “que acontecerão neste novo momento”.

“Para garantir o protagonismo dos representantes do Grêmio, constitui-se a comissão formada pelos profissionais da escola para articular com o Grêmio as atividades e direcionamento destas atividades, respeitando a voz do Grêmio quanto aos caminhos da ocupação. Havendo atividades escolares, com estudantes e profissionais, os dias serão considerados letivos. Fica também registrado que os profissionais deverão comparecer em seus horários, pré-determinados em seus contratos”, estipulou a ata da reunião.

VOLTA ÀS AULAS
Desta maneira, professores e servidores retomam atividades nesta sexta-feira. O formato das aulas será decidido em consenso entre professores e alunos. A ideia é que as aulas sejam mais dinâmicas do que as tradicionais. Assim, a partir de segunda-feira, 24, as aulas serão retomadas oficialmente e os dias letivos voltam a ser considerados, sem prejuízos aos alunos. No entanto, a escola mantém o status de ocupação.

PROTESTO
O terceiro dia de ocupação da Escola Estadual David Campista foi marcado por um protesto formado por um grupo de estudantes contrários à ocupação da unidade escolar, que ocorreu na manhã da terça-feira, 18. Os estudantes contrários ao movimento #OcupaDavidCampista se reuniram na frente da escola e chegaram a conversar com integrantes da ocupação.

Uma roda de bate-papo foi formada entre as partes, quando se discutiu a legitimidade da ocupação. Os alunos disseram que não apoiam a ocupação na escola estadual, mas são contrários à PEC 241, que limita gastos públicos por parte do governo federal.

Existe quase um consenso entre os estudantes contrários: a ocupação foi feita por imposição de uma minoria que tem prejudicado a maioria dos alunos, que deseja voltar às aulas o quanto antes. Além do ENEM e dos vestibulares, existe a preocupação que a ocupação se prolongue e prejudique o encerramento do ano letivo de 2016.

As aulas com professores solidários, que apoiam o movimento #OcupaDavidCampista, são vistas pelos estudantes contrários ao movimento como insuficientes para compor o conteúdo que não está sendo aplicado, já que boa parte das intervenções trata-se mais de uma roda de conversa do que uma aula propriamente dita.

A escola foi ocupada na manhã de terça-feira por integrantes de grupos estudantis e de militância social, como o Grêmio Estudantil Carolina Maria de Jesus, a União dos Estudantes Secundaristas do Brasil (UBES), o Coletivo Quilombo e o Levante Popular da Juventude. Alunos e professores que se posicionaram contra a manifestação foram proibidos de entrar. Desde então, funcionários da escola foram dispensados do trabalho pela direção da unidade.