Durutti

O jornalista Daniel Souza Luz escreve crônica, em que revive as famosas peladas de futebol entre amigos do bairro

O jornalista Daniel Souza Luz escreve a crônica Durutti, em que revive as famosas peladas de futebol entre amigos do bairro.

A meninada se posta diante dos dois maiores, que vão escolher os times. Escolhem da forma mais equânime possível, mais ou menos medindo as forças de cada um, de acordo com o tamanho e as habilidades de cada moleque.

Formados os times, vai-se para a pelada no campinho demarcado na rua Berilo, meio apagado devido à chuva repentina de verão do começo da tarde. As meninas às vezes jogavam também; ninguém se importava que elas jogassem junto.

Lembro-me meio vagamente de uma ocasião quando meu xará, Daniel Capitanini Zingoni, infelizmente falecido em 2013, tomou uma entrada mais dura de um sujeito que havia aparecido do nada e pedido para jogar. Expulsamos o forasteiro. Sim, nós mesmos éramos nossos juízes.

Com um a menos, passei para o time deles. Ficou mais ou menos equilibrado; era o menos habilidoso, mas chutava forte umas bombas difíceis pros goleiros, que também jogavam na linha, segurar. Terminada a partida, eu que estava perdendo num time acabei ganhando no outro. E montamos outros times com dois a menos, as garotas se cansaram. Deu empate, acho.

Ninguém dava a mínima pra como acabava a partida. Se os anos oitenta ficaram conhecidos como a década perdida, nós só ganhávamos, independentemente dos resultados.

* Daniel Souza Luz é jornalista e revisor. E-mail: danielsouzaluz@gmail.com